Carta retratando a fase inicial do "Processo dos Távoras" e outros assuntos acerca do estado de saúde de D. Pedro Henrique de Bragança, 1.º Duque de Lafões
Nível de descrição
Documento simples
Código de referência
PT/ACL/JCB/0001/000029
Tipo de título
Atribuído
Título
Carta retratando a fase inicial do "Processo dos Távoras" e outros assuntos acerca do estado de saúde de D. Pedro Henrique de Bragança, 1.º Duque de Lafões
Datas de produção
1758-12-26
a
1758-12-30
Dimensão e suporte
4 f.; papel
Âmbito e conteúdo
Testemunha o ambiente vivido na sequência da publicação do decreto de 9 de dezembro por D. José I que despoletou o "Processo dos Távoras": "E assim lhe digo que tendo estado até aqui em segredo a insolência com que no dia três de dezembro [teria ocorrido em setembro] tinham três homens a cavalo atirado à carruagem em que El-rei se recolhia e ferido gravemente no braço (digo em segredo porque na corte se não confessou) mas por fora era público, e também agora oiço que logo desde esse dia se suspeitou os cúmplices, mas eu o não soube se não agora depois das prisões porque como estava em Alpriate e não falava com gentes e o meu génio é não dar confiança a que se murmure, não houve ninguém que mo dissesse. E assim de repente se prenderam os senhores Távoras a saber, Marquês Pai, o filho José Maria Nuno de Távora, e dizem que João de Távora, que ambos estavam fora da terra, Manuel de Távora, Conde de Atouguia, Marquês de Alorna, Duque de Aveiro e Marquês de Gouveia e Marquês de Távora e de alguns mais. Destes uns estão com ferros outros em prisões mais largas. É público que entre estes estão os cúmplices do horroroso insulto do tiro: fazem-lhes processos, prova-se uma horrenda conjuração, os bens do Duque de Aveiro já se vendem em leilão, os mais alguns estão em sequestro. A Marquesa de Távora mãe está nas Grilas por ordem de El-rei e foi com guardas, a Marquesa filha foi para Santos com as suas criadas e está sem aparte nem embaraço para falar; a Marquesa de Alorna também está com esperanças de seu marido não sair culpado, a sua casa oiço que já não tem guardas e ao marido lhe vai comer de sua casa; a Condessa de Atouguia está com guardas, porém ainda em sua casa; ao Duque de Aveiro oiço se prova uma horrenda conspiração contra a sagrada pessoa de El-rei e contra o reino; (...) isto não são suspeitas; contra muitos destes há já muitas provas; [contém elementos eliminados do texto]; os mais presos nesta mesma ocasião D. Manuel de Sousa Calhariz, António da Costa Freire; muitos padres da Companhia [de Jesus] dos quais os convento estão cercados de soldados, e entre eles o [Gabriel] Malagrida, que tanta fama tinha de santo que até eu, que não sou credulada, cuidava ele era homem justo, e sempre nestas coisas que se faziam contra os padres da Companhia cuidava que haveria muitos culpados, mas que ele por bom assentava seria inocente. (...) Ainda se vão fazendo mais prisões. Saiu um decreto declarando as circunstâncias do horroroso delito: todos os tribunais consultaram os meios de se descobrirem e prenderem os conjurados, por todas as estradas estão guardas e ninguém passa sem passaporte."Aconselha D. João Carlos de Bragança a "se acaso a você lhe chegarem notícias vagas deste caso, creia que assim é na verdade para que não escreva nem saiba de nenhuma destas pessoas, ainda que em outro tempo tivessem connosco amizade porque, enquanto se não justificarem, não estão dignas de serem tratados nem como amigos nem como parentes. (...) como se vai prendendo gente e estamos às escuras sem sabermos os que entraram nestas coisas, tenha você cuidado em não escrever se não a pessoas cuja fidelidade a El-rei seja conhecida porque não venha a aparecer carta sua na mão de algum traidor e ainda oculto."
Cota atual
D. João Carlos de Bragança, cx. 1, n.º 29
Idioma e escrita
Português
Notas do arquivista
Data2024-03-07
ArquivistaMaria Beatriz Merêncio